21 de nov. de 2012

A Pedagogia do Pai



Quando eu era mais nova eu queria muito apresentar às pessoas o Deus que eu conhecia. Hoje, Ele se apresenta a mim a cada dia através das pessoas, e reconheço que não o conhecia. E hoje Ele me preparou mais uma de suas surpresas geniais, que me encantam! 

Eu estava passando por um daqueles dias em que a gente sente que não vai chegar viva até a noite. Dias que talvez inspiraram o poeta a cantar “Hoje eu só quero que o dia termine bem!”. Aqueles dias em que trocaram seu anjo da guarda pelo capetinha que atrapalha tudo o que você pensar em fazer. O despertador não toca, o semáforo espera você se aproximar pra ficar vermelho, o carro da frente quebra, seu colega de trabalho de mau humor e pra piorar a chuva começa na hora da saída e você não levou guarda-chuva. Era um dia como esse e eu já não tinha humor quando cheguei ao cursinho. Tudo me irritava! A menina que entra e limpa os pés no tapete e não me dá espaço pra sair da chuva, as escadas gigantes que tenho que subir correndo porque já estou atrasada pra segunda aula. Isso sem contar a primeira aula que perdi pra resolver todos os problemas que afinal nem foram resolvidos porque era dia de tudo dar errado. Os colegas passavam por mim, aqueles com quem não tenho afinidade. Um deles é o carinha de nerd que passou por mim com aquele casaco esquisito, sentou ao meu lado, perto das pessoas alternativas: a menina que só usa preto, a menina que lê revistas de super heróis e a menina do cabelo grande que joga ele de um lado pro outro e quando acerta na minha mesa me pede desculpas. Alguém comenta sobre estar fria a sala mas decide não descer as escadas a fim de resolver o problema, que para mim mais era como solução para o calor que trouxe minha blusa preta debaixo do sol e a correria e tensão do dia. O professor chega e recomeçam as explicações sobre glicose e ATP’s. Enquanto isso o ar condicionado trabalha pra expulsar o calor das 15 pessoas e congelar o ambiente, que passa a ficar cada vez mais gelado. Eu, que já havia passado do calor ao bem estar, iniciava um processo de luta contra o frio que provocava arrepios e tremedeiras tamanhas que já me faziam considerar a possibilidade de sair dali. Reparei ao meu lado em um movimento inusitado e girei a cabeça como que por instinto. Demorei cerca de 5 segundos para me convencer daquilo que para mim parecia pouco provável. Aquele jovem ao meu lado me estendia o casaco esquisito e o sorriso no rosto aumentava ainda mais a vergonha que senti pelos meus julgamentos. Ele que nunca dirigiu palavra alguma a mim e parecia não se ligar muito nas coisas reparou nas minhas necessidades e teve a coragem de oferecer o que tinha. E o casaco que antes era esquisito virou para mim a capa do herói que salvou meu dia. E no caminho pra casa vim refletindo sobre a força do amor. Porque um pequeno gesto foi suficiente pra apagar um dia todo de tormentos e cansaços e perceber que apesar do meu coração pequeno e mesquinho Deus ali me amou no rapaz que nem sabe quem eu sou, minha história e meus pensamentos mas foi ali naquele instante reflexo de Cristo! 

7 de nov. de 2012

Liberdade humana é misericórdia divina




Deus tem me concedido experimentar sua misericórdia, em doses homeopáticas tem me mostrado o bem que Ele pode me fazer apesar do mal que posso fazer a Ele. Para que eu possa experimentar isso Ele não abre mão da minha liberdade. É verdade que vivo com escrava dos meus pecados, por isso minha liberdade precisa ser restaurada.

Enquanto escrava diante de uma ocasião de pecado tenho duas escolhas: pecar ou não pecar. Porém a condição de escrava me impossibilita viver essa escolha e por mais que escolha não pecar o faço pelo esforço, pela lei. Como dói, é um combate penoso e sofrido. E me pergunto: cadê a dignidade de filha de Deus?

Viver uma intimidade maior com Cristo muda toda essa situação. Estar com Cristo é ser livre e o direito de escolha me é assegurado. As ocasiões de pecado não deixam de aparecer, porém surge a possibilidade de dizer não sem me machucar, sem esforço, com naturalidade a escolha de não pecar é feita pela graça e não mais pela lei.

Curioso como Deus foge a razão humana, quanto mais próximo Ele se faz na nossa vida mais livres somos para pecar ou não. Um Deus que se faz presente, que habita dentro do meu coração e mesmo assim não me sufoca, justo ao contrário, em sua misericórdia assegura minha liberdade de escolha.

Então porque fugir de Deus se Ele não nos oprime? Já fez sua escolha?