29 de set. de 2012

Doar-se x Doer-se



Existem coisas na vida que só compreendemos quando as experimentamos. Amor é uma delas. Muito se fala de amor, a todo instante se declara o amor, muitos clichês partem do amor, talvez esse texto seja um clichê sobre o amor. Seria pelo menos metade de todo esse amor, amor de fato? O que é amar de fato? A verdade é que temos amado muito errado... E se não é um amor na dimensão da cruz, disposto a dar a vida, não é amor: é egoísmo.

Amo na medida em que sou amada pelo outro, enquanto deveria amar na medida em que sou amada por Deus. E com que amor Ele tem me amado! Apesar disso ofereço um amor mesquinho, que precisa de reconhecimento e mimos. No fundo o amor que dou é para mim, para me satisfazer, para 'colher afetos'. Como amo errado...

E porque tamanha mesquinhez? Porque amar é doar-se sem reservas e sem receber absolutamente nada em troca. Quando me dôo é com meu egoísmo que dôo, e como para o egoísmo é impossível ficar sem receber nada, feridas profundas vão se abrindo. E o que erroneamente chamamos de amor, passa a doer, machuca e faz sofrer.

Amar é uma solidão. Deus me ama sozinho, sem que eu precise retribuir esse amor. Assim eu sou chamada a amar: independentemente do que me ofereçam em troca. É esse amor que deveria invadir os filmes e livros, é o que deveria ser declarado, o que deveria ser o maior clichê de todos. Como é belo esse amor! Desinteresseiro. 

De amor não entendo nada e ainda não tenho experiências para contar, mas espero que Deus me ensine a amar. Que esse amor seja um bálsamo para as feridas que meu egoísmo provoca.

O amor é capaz de doar-se e o egoísmo de doer-se. 

10 de set. de 2012

Bons frutos da aridez




Me perguntava porque de tanta murmuração, de tanto mal dizer a Deus, de me revoltar com minha história, afinal de contas Deus tem sido tão concreto na minha vida. Ele tem tido o cuidado de construir memoriais diante dos meus olhos a fim de que eu não perca minha história entre os dedos, mas mesmo assim tenho perdido. 

O coração se fechou, escutar a Deus tornou-se muito difícil, nada me toca, nenhuma situação comove, a incapacidade de amar ficando mais evidente. Experimentei um coração de pedra, árido como o deserto, incapaz de dar frutos. Essa terra infértil só me mostrou o que é estar morto.

Felizmente tudo está ao alcance de Deus para que Ele use como sinal na minha vida. Me peguei admirando o cerrado nessa estação seca e árida, os tons de marrom que tomam a vegetação dão a impressão de que está tudo morto, mas quem conhece sabe que com a primeira chuvinha o verde volta a colorir a paisagem. Maravilhoso, não? Essa é a beleza que Deus dá ao meu coração, que com uma "chuvinha de Deus" o verde volta e a secura se vai, com a graça Dele é possível olhar para minha história com carinho, é possível amar na dimensão da cruz, é possível bendizer diante dos fracassos e sofrimentos.

A seca ainda me mostrou uma outra beleza: os ipês florescem na seca! Poucas árvores tem a delicadeza de um ipê amarelo, troncos secos e galhos sem folhas dão flores tão coloridas, tão vivas! Um amarelo que se impõe e se faz ver, chama atenção e enche os olhos. É o milagre da seca. Assim Deus faz com comigo, faz um milagre na minha vida quando já experimentava a morte, me devolve a alegria e restaura minha dignidade.

Um amigo me dizia "Calma, isso é uma fase que passa", eu respondi "Espero que sim", e ele "Isso não é algo que se espere, é uma certeza, passa". E passou. A seca é só uma estação do ano e não o ano todo.
Esteja atento, justo de onde não pode sair nada é que Deus tira tudo que você precisa. 
Chegou a temporada de ipês!