26 de set. de 2011

“Pois quando sou fraco, então é que sou forte.” (2 Cor 12, 10b)

Quando me foi proposto fazer um ano de missão, aceitei a tarefa, mas com muito medo. Me encontrava totalmente destruído devido a alguns fatos que, na época, eram muito recentes. E pensava comigo mesmo: como eu posso levar uma palavra aos irmãos e evangelizar se eu me encontro angustiado e fraco? Sabia que eu estaria na missão não pra ajudar os outros, mas para ser ajudado. Só que não via muito sentido em partir me encontrando naquele estado. Com o passar do tempo, fui entendendo um pouco o que Deus estava fazendo comigo.

Já vi algumas pessoas dentro da Igreja dizerem que não têm dom para anunciar o Evangelho ou que não se sentem dignas de fazê-lo e se sentiriam hipócritas por causa dos seus pecados. Eu também já pensei assim algumas vezes. Ora, o povo de Israel era um povo pequeno, fraco, pecador (vivia murmurando e traindo a Deus) e mesmo assim o Senhor escolheu aquele povo. E o que aconteceu? Deus libertou aquele povo do Egito, o conduziu no deserto, derrotou seus inimigos e o conduziu à terra prometida. Deus se compraz no pobre e fraco.

Jacó, durante aquela luta que durou a noite inteira, reconhece ali a presença de Deus e, diante da grandeza do Senhor, se reconhece fraco e se agarra a Deus, e diz que não o soltará enquanto não receber a sua bênção. Então o Senhor o abençôa e lhe diz: “não te chamarás mais Jacó, mas Israel, porque foste forte contra deus e contra os homens.” (Gn 32, 29) E Israel se torna um povo forte com Deus e luz para as nações.

Todo mundo já deve ter ouvido aquela frase que diz que Deus não escolhe os capacitados, mas capacita os escolhidos. Vi então que o Senhor me escolhera não pelos meus méritos, mas pelas minhas fraquezas. Que quando me acho forte ou digno de algo, não há espaço para Deus, mas somente para meu ego. Que para que Deus entre, tenho que me esvaziar de mim mesmo. Que para ser forte com Deus, tenho que reconhecer minha fraqueza e deixar que o Senhor aja em mim. E assim perceber que quando faço a vontade Dele não é porque sou bom, mas porque Ele agiu em mim. Porque eu deixei que Ele agisse em mim.

Coloco aqui uma citação de São Paulo:

“(…) foi me dado um aguilhão na carne – um anjo de Satanás para me espancar – a fim de que não me encha de soberba. A esse respeito três vezes pedi ao Senhor que o afastasse de mim. Respondeu-me, porém: ‘Basta-te a minha graça, pois é na fraqueza que a força manifesta todo o seu poder.’ ” (2 Cor 12, 7-9)

Várias vezes pedi ao Senhor que me tirasse muitos “espinhos”, mas reconheci que esses espinhos têm quebrado o meu orgulho, me feito agarrar em Deus e me lembrado de que preciso constantemente da Sua graça.

“Com todo o ânimo prefiro gloriar-me das minhas fraquezas, para que pouse sobre mim a força de Cristo. Por isto, me comprazo nas fraquezas, nos opróbrios, nas necessidades, nas perseguições, nas angústias por causa de Cristo. Pois quando sou fraco, então é que sou forte.” (2 Cor 12, 9b-10)