8 de nov. de 2011

Ser livre!

Eu sempre achei que a liberdade estava diretamente ligada ao fato de eu poder fazer o que eu quisesse e que ela e a felicidade caminhavam lado a lado.
Me enganei de novo, pensando que sabia de alguma coisa...
Pelo que tenho vivido hoje, percebo o quanto sou mais livre quando aceito que não posso fazer todas as minhas vontades.
Sim! SABER ACEITAR, disso tem dependido muito a minha liberdade, que parece mesmo ser acompanhada pela felicidade.
Muitas vezes a felicidade é apresentada como uma relação de posse, de possuir tudo, de possuir o mundo e fazer com ele o que bem entender. De buscar cada vez mais o sucesso e reconhecimento das pessoas, para ser aceito, para ser "amado". De buscar cada vez mais possuir dinheiro, para ser aceito, para ser "amado", para ter condições de comprar tudo e todos que desejar, para nao depender de ninguém, para ser "LIVRE"; ufa! Quer dizer que para adquirir liberdade devemos ser escravos do sucesso, dos afetos, do dinheiro, da intelectualidade, blá blá blá? E isso não seria totalmente contráditório? Sermos escravos?
É o que colocam nas nossas cabeças, é um dos argumentos utilizados na catequese do mundo. Aí as pessoas começam a acreditar, e querem possuir cada vez mais e querem ser cada vez mais livres, e a cada dia se escravizam mais e mais.
Ao contrário de possuir, a liberdade é o fruto de doação, de desporjar-se de si mesmo.
Sem ter nada a perder se arrisca muito mais e colhe-se muitos frutos.
E se o olhar para o céu às vezes nos provoca uma sensação de liberdade, acredite: Quando abraçamos o céu somos inteiramente livres.
É uma liberdade de filho, de herdeiro, algo sobrenatural que eu ainda não achei as palavras ou não tenho maturidade para descrever. Mas acredite, ela sabe traduzir o que é a felicidade.

26 de set. de 2011

“Pois quando sou fraco, então é que sou forte.” (2 Cor 12, 10b)

Quando me foi proposto fazer um ano de missão, aceitei a tarefa, mas com muito medo. Me encontrava totalmente destruído devido a alguns fatos que, na época, eram muito recentes. E pensava comigo mesmo: como eu posso levar uma palavra aos irmãos e evangelizar se eu me encontro angustiado e fraco? Sabia que eu estaria na missão não pra ajudar os outros, mas para ser ajudado. Só que não via muito sentido em partir me encontrando naquele estado. Com o passar do tempo, fui entendendo um pouco o que Deus estava fazendo comigo.

Já vi algumas pessoas dentro da Igreja dizerem que não têm dom para anunciar o Evangelho ou que não se sentem dignas de fazê-lo e se sentiriam hipócritas por causa dos seus pecados. Eu também já pensei assim algumas vezes. Ora, o povo de Israel era um povo pequeno, fraco, pecador (vivia murmurando e traindo a Deus) e mesmo assim o Senhor escolheu aquele povo. E o que aconteceu? Deus libertou aquele povo do Egito, o conduziu no deserto, derrotou seus inimigos e o conduziu à terra prometida. Deus se compraz no pobre e fraco.

Jacó, durante aquela luta que durou a noite inteira, reconhece ali a presença de Deus e, diante da grandeza do Senhor, se reconhece fraco e se agarra a Deus, e diz que não o soltará enquanto não receber a sua bênção. Então o Senhor o abençôa e lhe diz: “não te chamarás mais Jacó, mas Israel, porque foste forte contra deus e contra os homens.” (Gn 32, 29) E Israel se torna um povo forte com Deus e luz para as nações.

Todo mundo já deve ter ouvido aquela frase que diz que Deus não escolhe os capacitados, mas capacita os escolhidos. Vi então que o Senhor me escolhera não pelos meus méritos, mas pelas minhas fraquezas. Que quando me acho forte ou digno de algo, não há espaço para Deus, mas somente para meu ego. Que para que Deus entre, tenho que me esvaziar de mim mesmo. Que para ser forte com Deus, tenho que reconhecer minha fraqueza e deixar que o Senhor aja em mim. E assim perceber que quando faço a vontade Dele não é porque sou bom, mas porque Ele agiu em mim. Porque eu deixei que Ele agisse em mim.

Coloco aqui uma citação de São Paulo:

“(…) foi me dado um aguilhão na carne – um anjo de Satanás para me espancar – a fim de que não me encha de soberba. A esse respeito três vezes pedi ao Senhor que o afastasse de mim. Respondeu-me, porém: ‘Basta-te a minha graça, pois é na fraqueza que a força manifesta todo o seu poder.’ ” (2 Cor 12, 7-9)

Várias vezes pedi ao Senhor que me tirasse muitos “espinhos”, mas reconheci que esses espinhos têm quebrado o meu orgulho, me feito agarrar em Deus e me lembrado de que preciso constantemente da Sua graça.

“Com todo o ânimo prefiro gloriar-me das minhas fraquezas, para que pouse sobre mim a força de Cristo. Por isto, me comprazo nas fraquezas, nos opróbrios, nas necessidades, nas perseguições, nas angústias por causa de Cristo. Pois quando sou fraco, então é que sou forte.” (2 Cor 12, 9b-10)

17 de jul. de 2011

Um Deus ciumento

deus ciumento


Às vezes eu me pergunto porque temos a impressão de estar sozinhos. Sem família. Sem amigos. Sem um amor de verdade. Tem dias que não importa o quanto vc luta, sempre se sentirá fraco. E esses são os dias em que aparecem aquelas brincadeiras sobre que vc não vale nada e no fundo, ninguém te ama. Comentários assim, vindos de pessoas próximas em dias como estes são o detalhe que faltava pra se passar a noite pensando no que temos feito de errado. Essas são as trevas. E Deus é a luz que ilumina tudo.

Senhor, Tu sabes que minha família é meu lugar seguro, minha casa é o lugar onde me alimento e descanso. E quantas vezes neguei minhas orações e pensamentos no meu lar? Mas o verdadeiro alimento és Tu, e na Tua Cruz encontro repouso. Tu sabes que te amo.

Senhor, Tu sabes que meus amigos tem palavras que me consolam diante dos sofrimentos, e com eles partilho minhas alegrias e tristezas. Quantas vezes neguei Tua Palavra dura para os que precisavam e na minha vida, que me dá a vida eterna, sofrer olhando pra Ti é melhor que não sofrer. Tu sabes que eu te amo.

Senhor, Tu sabes que eu procuro amor daquele que amo. Quantas vezes neguei o Teu amor e construí ídolos que não podem me salvar? Mas Tu morreu por mim e nunca nenhum outro vai me amar assim. Tu sabes tudo, Tu sabes que te amo.

28 de mai. de 2011

Obediência - copo grande e copo pequeno



Outro dia, pensando no que eu escrevi no post Ser luz, percebi que muitas vezes tenho vivido a missão como um peso, e não como uma graça. Se hoje eu estou itinerante é por pura obediência. E isso já é uma vitória de Cristo, porque estou deixando de fazer a minha vontade e não por mérito meu. Mas vejo que muitas vezes tenho vivido essa obediência não de filho para pai, mas de escravo para senhor.

Um dia desses, perscrutando a palavra, li algo que dizia que a obediência está ligada ao amor: quem ama obedece. O filho obedece porque ama. O escravo obedece porque tem medo. É assim que tenho me sentido: um escravo. Eu, na minha religiosidade natural, tenho obedecido por egoísmo, pensando em mim mesmo, esperando uma recompensa e achando que se dizer não à missão vou estar me condenando.

Conversando sobre isso com um amigo, ele me falava sobre um relato de santa Terezinha: se pego dois copos, um grande e outro pequeno, e os encho com água, qual deles estará mais cheio? Por mais que os dois estejam completamente cheios, o copo maior contém mais água. “Deus dá a seus eleitos tanta glória quanto podem conter”. Compreendi com isso que Deus não me encurrala na itinerância, que não serei condenado se dizer não à missão. O que o Senhor quer é trocar meu copo pequeno por um copo grande.

Muitas vezes na vida reclamei que preferia ser iluminado à ser luz, porque à medida em que vou adiquirindo discernimento, sinto mais o peso da palavra do Senhor. E sinto esse peso porque vivo na lei, e já dizia São Paulo “Foi ele quem nos tornou aptos para sermos ministros de uma Aliança nova, não da letra, e sim do Espírito, pois a letra mata, mas o Espírito comunica a vida.” (2 Cor 3, 6). É verdade que quanto mais me é revelado, maior é a minha responsabilidade, mas também maior é a graça que recebo de Deus.

Que o Senhor me conceda viver o temor de Deus, e não o medo de Deus. E que meu copo possa crescer sempre mais e mais.

24 de mai. de 2011

Ele RESSUSCITOU!

Pois é...
To precisando Dele...
 DESESPERADAMENTE...
 Andei meio mal esses tempos aí...
 Daí tenho tudo e tenho a impressão que me falta TUDO....
 Sei lá...  To meio perdido...
(D.B)


É assim que me sinto, E-XA-TA-MEN-TE assim, que me sinto!
Tem sido um tempo esquisito, cheio de dúvidas, questionamentos e descrenças, coisas que eu NUNCA vivi e senti desde que, de fato, sou Católica.
Mas sinto que tudo isso tá passando. E espero MUITO por isso!
Afinal, como não acreditar nesse Cristo Ressuscitado, que por um AMOR TÃO GRANDE, sofreu e morreu pelos meus pecados!

Mas mesmo nesse tempo estranho, eu tenho conseguido enxergar (e Graças a Ele) que tenho um Deus MARAVILHOSO e RESSUSCITADO, que todos os dias me prova o quanto, por pequenos detalhes de amor, o QUANTO me AMA e é MISERICORDIOSO. E talvez isso os tornem GRANDES detalhes de Amor!!!


Rezem por mim, porque eu mesma... enfim!

9 de mai. de 2011

Vida eterna



Para mim, a vida é feita de perguntas. Acho que é por isso que sou uma professora. Passo o dia escutando e fazendo perguntas. Sou também uma cristã. E passo a vida inteira fazendo perguntas. Sem respostas. Por que, mesmo participando da Igreja de Cristo, ouvindo sobre o Amor que dá a vida todos os dias, gratuitamente, as pessoas se odeiam, se traem, não se suportam? Por que, quando conheço a Deus as coisas parecem tão belas e quando eu volto para casa, estou de volta ao inferno e perco minha paz? Por que tenho este trabalho, esta família, estes amigos? Por que minha vida é desse jeito?

Durante alguns anos escutei muitas palavras bonitas. Conheci a bíblia. Descobri a beleza da Santa Missa. Encontrei jovens alegres, e que gostavam de ir a Igreja comigo. Aprendi a rezar. E quanto mais difícil a vida ficava, mais eu rezava. Quanto mais eu rezava, mais a vida ficava difícil. E em cada momento surgia uma pergunta: Onde está Deus? Eu não o conhecia. Ouvia muito sobre Ele. Na verdade, Ele sempre esteve muito perto, presente em tudo isso, caminhando comigo, e eu não o reconhecia. "Então seus olhos se abriram e o reconheceram" (Lc 24, 31a). Deus, pouco a pouco, ilumina nossa história.

Hoje mesmo eu refletia sobre minha profissão, tão desvalorizada e, cada vez mais, cobrada. E me perguntava o que estou eu fazendo no meio disso tudo, se nunca escolhi isso para mim? Quantas vezes tentei fugir dessa missão, que hoje para mim é vontade de Deus. Existe ser ou coisa mais espontânea do que uma criança? Elas não sabem se você é bonito, feio, triste, depressivo, cansado, elas sorrirão para você. Você pode ser uma pessoa que não abraça ninguém. Uma criança te abraçará. Elas ultrapassam todas as barreiras de timidez, orgulho, ressentimento, julgamento, que atrapalham a relação entre as pessoas. Elas ultrapassam as minhas barreiras, elas curam minhas feridas e meus traumas. E por elas eu morro todos os dias. Morro de tanto trabalhar, de preparar, de corrigir, de revisar, de arrumar. E junto, morrem meus medos. Crianças precisam de cuidados. Aprendo a ser mãe. Crianças precisam de conselhos. Aprendo a ser amiga. Crianças precisam de limites, aprendo a ser uma pessoa firme. Crianças precisam de incentivos. Aprendo a ser persistente... Aí reconheço Deus, que providencia para mim a cada dia a criança que eu preciso, o trabalho que preciso, o detalhe de amor que eu preciso. E na verdade, aquilo que eu quase não dava conta, foi só olhar para Cristo, perceber que Ele está vivo, me dando a vida nesta cruz, e agora, ela ficou até leve, doce, suave. A minha cruz.

E aí, o mais gostoso de celebrar a Páscoa de Cristo é ver que tudo se cumpre conforme as escrituras. Já estava escrito, Deus já sabia e nada é por acaso. Por que tenho estes amigos, esta família, este trabalho? Bom, por que eles nunca me darão a vida, a felicidade. Nem outros serão melhores. Cristo é quem me dá a vida, nesta mesma realidade que vivo. E se perco a paz quando saio da Igreja e volto para casa é porque estou tentando fugir da minha realidade, estou querendo uma vida diferente, enquanto a minha é perfeita, porque Deus é o autor da minha história. E por que Deus permite que as pessoas erram feio comigo? Bom, consigo imaginar duas respostas. Pra não me deixar esquecer que eu também erro feio com elas, e com Deus, é importante lembrar que eu não sou melhor do que aqueles que praticam o mal, que assassinam, que se prostituem, que adulteram. Eu também sou pecadora. Eles e eu erramos também para que haja o perdão. Ó feliz culpa.

5 de mai. de 2011

Saber aceitar

aceitar


Hoje é o dia em que talvez algumas pessoas esperassem que eu estive triste, magoada, desiludida.

Eu não vou mentir dizendo que tudo na minha vida está tomando o rumo que eu queria que tomasse. Não vou dizer que acho tudo perfeito embora na verdade seja. Não vou inventar que estou sorrindo à todo momento só para fazer bonito. Porque afinal de contas, muitos já descobriram, eu principalmente, que eu sou gente. Que eu sinto, e hoje com vontade. Que eu choro, choro de tisteza, de raiva, de emoção. Que eu erro embora não deseje errar. E que de vez em quando acerto, algumas vezes até mesmo sem querer. Mas atualmente tenho errado, tenho errado bastante inclusive. Tenho errado por achar que algumas coisas da minha história estão erradas, tenho errado ao tentar proteger o que amo e tenho errado simplesmente por ter a tendência de errar. Da mesma forma, muitas pessoas que normalmente também erram, têm errado comigo. E é por tantos erros que talvez muitos pensem que o hoje é o meu dia de chorar.

Mas eu digo: NÃO, hoje não é o meu dia de chorar!

Embora meu erros me deixem algumas feridas hoje, eu finalmente consigo olhar para elas imaginando menos a dor e pensando mais na cura. Ah! E como me alegra pensar nessa cura! Como me alegra pensar que cada errinho bobo muda algo MUITO errado dentro de mim. Me alegra também saber que existem pessoas que erram e entendem minhas fraquezas, e mais, me amam assim, fraca e débil. Me alegra muito, depois de um erro, experimentar o perdão e um amor todo misericordioso. É como viver um pedaço do céu na terra.

Além disso, eu poderia me sentir triste porque algumas vezes, por achar que minha história estivesse errada, eu tenha buscado a felicidade em coisas muito pequenas e não tenho encontrado nada. Eu poderia me sentir infeliz por esse nada. Mas não, não me sinto, não hoje. Experimentar o nada ao fazer minhas vontades só prova o quanto essas história que eu às vezes não aceito é PERFEITA, e que no fim, NADA é o que EU tenho que fazer. Experimentar que Deus tem feito TUDO por mim nunca será um motivo de tristeza. E por isso, eu tenho hoje, mais um motivo para sorrir.

Por fim, eu poderia me sentir triste pelos erros cometidos comigo. Mas isso já seria muita hipocrisia minha. Depois de ver o quanto eu erro e saber o porque eu tenho errado, não consigo olhar para o outro e esperar a perfeição. Na verdade, nem desejo isso. Tenho adimirado tanto o imperfeito, isso porque é sublime demais ver a reconstituição de algo defeituoso e fraco.

É natural errar, principalmente quando se busca a felicidade, se procura por ela. Mas quando fazemos isso, o maior erro não é aquele que cometemos com os outros, mas aquele que cometemos com nós mesmos. Porque à todo momento abrimos mão de coisas milagrosamente grandes que ainda não conhecemos para abraçar as migalhas, que na nossa cegueira, nós julgamos ser a via da nossa felicidade.

É por essas verdades reveladas a mim hoje, que esse, é o meu MELHOR dia para sorrir!

Eu realmente me sinto feliz. Me sinto feliz por saber que as coisas não estão todas da forma que eu desejaria, porque isso quer dizer que agora eu não tenho implorado por migalhas, mas aprendido a esperar as coisas grandes. Me alegro em ver que não espero mais que o mundo e as pessoas se aprensentem a mim sempre bonitas, sempre perfeitas; isso quer dizer que eu tenho aprendido a amar o imperfeito. Me alegro em saber que, mesmo caindo, eu consigo me levantar e continuar caminhando, o que quer dizer que eu tenho aprendido a me perdoar.

E me alegro em ver, que diante de todas essas coisas eu tenho conseguido sorrir, e tenho sorrido muito mais por dentro do que por fora. Sem dúvidas, isso quer dizer que eu tenho aprendido a amar a minha história, a minha cruz e a mim mesma.

E embora muitas vezes eu caia, o fato de estar apenas aprendendo já me alegra imensamente, pois tenho visto Deus trabalhar dedicadamente em pequenas coisinhas minhas. E Ele tem dedicado muito amor em coisinhas bem pequenas.

Hoje eu me alegro porque eu como gente, e gente que sente, posso chorar por muitas coisas, mas pelas mesmas coisas tenho sorrido sublimemente.

Sarah Castro.

3 de mai. de 2011

Cruz Gloriosa

cruz


Eu já murmurei muito pela minha cruz, e já questionei muito a Deus por isso também!

E acho que ser luz está muito ligado a isso! Sei que sou escolhida para dar o testemunho do Amor de Deus na minha vida, de onde Ele me tirou e tem me tirado (e não é clichê). Ser luz pro mundo, mas principalmente para os meus! E, de verdade, eu não me vanglorio por isso, não hoje (e nem sei se já o fiz um dia). O problema é que, provavelmente, eu atrapalhe, e muito, esse plano de Deus na minha vida! É como eu comentei: De todas as vezes que tentei ser luz por minhas forças, fracassei! E talvez tenha até afastado mais as pessoas de lutarem pela vida eterna!!! É muito difícil ser luz.

Enfim... O fato é que tenho estado tranquila quanto a isso! Tranquila até demais! Não tenho questionado tanto a História que Deus faz na minha vida! Não tenho questionado minha cruz nem murmurado por achar que vim de uma história destruída e ainda vivo nela! Não tenho me cobrado em ser luz. E tudo isso eu já fiz DEMAIS!! Esses dias eu apenas tenho vivido, sem ME cobrar muito, sem querer ser perfeita. Acho que tenho aceitando a minha vida, aceitado minhas falhas, aceitado que sou pecadora e que caio, e tudo isso sem me martirizar. Porém, com toda essa calmaria que tenho vivido dentro de mim, tenho medo de ficar muito na minha e acabar sendo omissa, e também de continuar não deixando o Espírito Santo agir em mim!

Assusta-me a possibilidade de descobrir, lá na frente, que minha escolha de ficar aqui tenha sido uma fuga da minha história, uma forma de me livrar da cruz, de não querer mais carregá-la! Essa cruz que tantas vezes parece me matar, me cansar, mas, que no fundo, me faz lutar pela vida!!! E, mais ainda, tenho medo de um anjo inocente pagar por essa escolha!! Não queria que ela passasse a vida no engano, nem tivesse todas as dúvidas e confusões internas que tive, até descobrir a VERDADEIRA VIDA! Eu queria mesmo é estar por perto, pra fazer com ela como fizeram comigo, cada vez que me resgataram da morte para me dar uma palavra de vida eterna! Mas não me vejo lá! Não acho que minha história seja continuar vivendo assim, vendo os meus se acabarem por teimosia, quando tantos já tentaram alertar, ser luz, evangelizar!!! E aí é que está o outro problema: EU ACHO, mas não sei o que Deus acha, o que ELE quer pra mim, nem pra elas...

Me doeu muito ver o que vi hoje, a ponto de chorar e ter muito, muito medo, todos esses aí que escrevi! Ver que não se teve escolha. E ver que não se entedia nada e que, mesmo assim, insistem em dizer que parecia entender! Bateu um desespero, sabe... Queria arrancá-la de lá e dessa vida, salvá-la mesmo! Mas só Deus pode fazer isso!!!

Mesmo com toda minha calmaria, continuo te pedindo, Senhor, que faça em mim a tua obra, de ser luz e de estar onde Tu queres, mesmo fora da minha vontade!! E que a proteja de todo mal e engano! E que também a use como instrumento de conversão!! E se tudo isso for da Tua vontade...


"Deitar na cruz e perceber que ela não te mata. É o inimigo quem te engana e te tira a vida


Rezem por nós.

29 de abr. de 2011

Ser luz


Duas palavras que têm me deixando bastante inquieto nos últimos dois meses são: “Vós sois a luz do mundo” (Mt 5, 14); e “Àquele a quem muito se deu, muito será pedido” (Lc 12, 48).

Quem me conhece sabe que sou um leigo católico, em missão pela Igreja. Todos nós, cristãos, somos chamados a ser luz para o mundo. A princípio eu escutava essa palavra, achava-a bonita, e mais nada. Depois de um tempo vi que para ser luz precisava dar sinais de vida eterna, fazer com que as pessoas enxergassem Cristo em mim. Só que eu pensava que ser luz fosse algo que partisse de mim mesmo, que dependesse do meu esforço. Hoje vejo as coisas de outra maneira. Deus me chama a ser luz, e a obra, é Ele quem faz, não eu.

Ser luz é ser um instrumento de Deus para a salvação daqueles que já não acreditam na vida eterna. “Brilhe do mesmo modo a vossa luz diante dos homens, para que, vendo as vossas boas obras, eles glorifiquem vosso Pai que está nos céus” (Mt 5, 16). E Deus não me escolhe porque sou bom. Pelo contrário, o Senhor escolhe o pior para que ali se manifeste a sua glória, assim como Jacó, que se reconhece fraco, mas se torna forte com Deus (Gn 32, 25-30).

Enfim, ser luz é prestar um serviço àqueles que se encontram nas trevas. E se Deus escolhe alguns para serem luz, ele também escolhe aqueles que serão iluminados. Ou seja, se tenho recebido uma palavra na Igreja, se o Senhor me ilumina os acontecimentos da minha vida, e eu deixo de ser luz, estou privando aquelas pessoas a quem Deus escolheu para serem iluminadas de receberem essa luz. E como posso deixar de ser luz, mesmo depois de tantas obras que o Senhor tem feito na minha vida? Primeiramente, estando no pecado. E dizendo não ao chamado que hoje Deus me faz: ser missionário.

Se antes eu pensava que eu só precisava cumprir os preceitos e procurar levar uma vida reta para chegar à vida eterna, hoje vejo que não é bem assim. Penso o seguinte: se Deus me chama a ser missionário, Ele confia a mim aquelas pessoas a quem levarei a sua palavra. E muitas vezes, pelas dificuldades e pelo meu comodismo, quero dizer não a esse chamado. Daí a minha inquietação com a palavra que diz “Àquele a quem muito se deu, muito será pedido” (Lc 12, 48).  Ou seja, se Deus me deu uma missão, responderei por aqueles que me foram confiados. E se rejeito este chamado, por mais que eu leve uma vida sem pecado, estarei fazendo a minha vontade, e não a vontade de Deus. “Nem todo aquele que me diz: ‘Senhor, Senhor’, entrará no Reino dos céus, mas sim aquele que faz a vontade de meu Pai que está nos céus” (Mt 7, 21).

Certo momento pensei: mas, se rejeito esse chamado, Deus não permitiria que aqueles que me foram confiados fossem privados de escutar a Sua Palavra e enviaria outra pessoa para elas. Mas depois vi que, mesmo que viesse outro, e que fosse luz para aquelas pessoas, eu responderia pelo chamado que rejeitei.

Sei que o Senhor me dá liberdade para aceitar ou rejeitar esse chamado, mas, depois das palavras que tenho recebido e do que tenho vivido, minha conciência não me deixa livre. Isso tem me angustiado bastante porque no fundo quero fazer a minha vontade. Lembro-me agora de uma das leituras da vigília da Páscoa que diz “Com efeito, meus pensamentos não são vossos pensamentos, e vossos caminhos não são meus caminhos” (Is 55, 8).

Sei que, no fundo, Deus me dá essa missão não somente para a salvação daqueles que cruzarão o meu caminho, mas para a minha própria salvação. Pois ser missionário, para mim, é sair do meu comodismo, do meu egoísmo, da minha vontade, de mim mesmo. É deixar de viver para mim e começar a viver para os outros. É subir na cruz, entrar na morte. E para ressuscitar é preciso morrer.

Eu sempre dizia que coverter-se é dizer não à própria vontade e fazer a vontade de Deus. Uma vez um amigo me disse que a verdadeira conversão é quando a minha vontade está em conformidade com a vontade de Deus.

Por mais que tenha claro que hoje estar em missão é o melhor para mim, eu, na minha pouca fé, não aceito isso e quero fugir. Peço que rezem por mim e pela minha conversão.